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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

QUADRO NEGRO






QUADRO NEGRO
Emerson Gomes

Porta entreaberta, uma poeira envolve a sala
Barulho profundo ofuscando salas envoltas
Pessoas andando, outras conversando...
Fuinnnn, fuinnnn, fuinnnn, fuinnnn
Cuidado! Abaixem-se
Um avião de papel planava
Cadeiras sentadas, pessoas aceleradas...
Sirene tocando, agudo estridente
Correria cerebral, corporal
À passos largos, livros arrumados
Lá vem ela pessoal!
Segundos definidores, quase vital
Sala arrumada, pessoas comportadas
O retoque do batom, ajeitar o rabo de cavalo
Ação essencial
Olho na fechadura, outro no espelho
Tudo tem que estar perfeito
Porta fechada, cara de anjinhos
Quadro bem limpo
É hora de aula!
Sons de sapatos, perfume inconfundível
É chegada a hora
Trinco girando, respiração fulminante
A professora chegou
Cruzadas de olhos como raio laser
Uns, olhando com Raio x, imaginado tudo
Andar em slow motion, totalmente sensual
Hora da realidade pessoal!
A chamada é sempre natural
Faltas, presentes, olhares atentos
Hora de aula, rotina normal
Quadro negro como espelho
Surge o conteúdo apical
Copiando vão, prestando atenção, não
E o giz arranha à soprano
Dormindo, sonhando sempre estão
Quadro negro teimoso, atrevido
Mas feliz é massageado pelo branco
Hora de partir, sirene acordando
Saída planejada, cabelo amarrado Partindo...
E anos já se passaram
E o quadro negro sente saudades
Dos olhos daquele que um dia o viram
E da professora que não o ama mais
Que cansou...
Parou...





sexta-feira, 23 de agosto de 2013

AMENTIA




AMENTIA
Emerson Gomes

Em Montanha-Russa minha mente viaja
E os sonhos passam e tentam ficar
Mas se retrai aos desejos
Logo, afetivamente a distância é fato
Camisa de força, força...
Esperança!
Ao poucos me perco, me acho
Desespero do olhar de quem me vê
Melancolia profunda, depressão, prisão
Socorro!
Pausadamente existo. Será?
Continuamente estou aqui...
Achei que estivesse
Sofro, me cosumo, me ateio a luz
Assim, alimento meus brônquios frios
Alma sofrida, não entendida
O tempo passou e agora nada mais
Nem eu, nem você, nem família
E o amor?
Enlouqueço e com os loucos padeço
Forasteiro, sei que aqui não existo
Abram os portões das ruas, das marginais
O mundo me espera
Quero andar, correr, voar...
Sentir o vento que antes vivi
Encontrar o amor, o sol, o mar e as saias
Mas sou indigente...
Desisto!
Ao lume entrego minha alma
Assim, vou...
Fumaças desenhando vão...
Loucos e desesperos juntos socorrem-me
Renascido sonho à vida
Com felicidade, gozo, cachaça e fumaça natural
E na calçada, os ônibus passam e me dão náuseas
Percebo que não sou quem eu era
E sozinho no novo mundo sonho
E saiu sem destino, observado os passos
Aprendendo mais uma vez a viver em sociedade

terça-feira, 20 de agosto de 2013

VERDE PÁSSARO PRESO





VERDE PÁSSARO PRESO
Emerson Gomes
Ora, em qual estado estou atrelado?
A me ver pasmado nesta quimera
Sem luz e sem possibilidades de refúgio
Para libertar-me dessa tortuosa prisão

Tão esmo status vê-se em quadrado
Pairando o grão do teu soberbo facão
Cortando tentativas de imaginações
E dias e  sonhos em formas e cores

Mas somente o vulgo do nobre
Desalinha o emaranhado encéfalo
Desobstruindo o surdo encarnado
Que lembram as canções de ninar

E se em inquietude atrelado estou
Rápido, volto-me a minha básica cor
Livrando-me do temido medo
Fechando-me entre os tons da dor

Entre os rios que minha veia corre
Sofro no barco das correntes mortes
De uma veia que entope os espasmos
Velando os definhados fracassos

E da janela os ventos sorrateiros
Trazem fugas  que não pairam ao sol
Mostrando os tons todos escuros
De uma história que acreditava ter luz

E quando me lembro do verde que vesti
Jogo-me bem longe dessa sujeira fria
Para desbravar caminhos e outros rios
Desconsiderado, não tenho celebrações

Longe de um sorriso construtivista estou
E folhas não gaiolas no caminho já tiveram
Uma aceitação que o erro era um acerto

E ainda não entendo os tolos devaneios
E nu me entreguei ao ideal espelho
Para entender a  realidade do outro
Aí,  visto-me certo que sonhos morrem

E mesmo não feliz como outrora fui
Vejo as linhas consideradas verdadeiras
Se perdendo a quatro ou dezesseis mãos
Numa carimbada soberba indelicadeza

Iludido, agora não estou, parei, cansei
E alivio minhas veias sobressaltadas
Que um dia minhas pernas cansavam
E corresponsável minha ação era feliz












segunda-feira, 19 de agosto de 2013

MESA DE BAR






MESA DE BAR

Emerson Gomes

Garçom!  Uma água com gelo e limão
Entre os formatos se misturando vão
Traduzindo desalinhos dos eixos sobressaltados
Toma de um gole. Ah!
Alívio profundo em turbulência musical
...
Suco, refrigerante, whisky, cerveja...
Trago em um cigarro amarrotado
Sensação marginal
E o isqueiro em companhia fria
Gritam os gelos cortados, em cubos, amontoados
Em sopros esfumaçantes, vê os garçons
Desfilando, servindo, rindo, se divertindo
Carne de gente? Suco animal racional?
Cardápio ideal para matar o libido
Lambuzarias, empanturravas  à galope
E somente quando estivesse bem alimentada
Um suco de maracujá serviria pra amenizar
E mataria a sede que agora teria
E o cigarro em fumaça fria morreria
Com a inveja do calor dos corpos
É hora de partir...
...
A conta por favor!
Os dez por cento, multiplicados foram-se
Pelo bom serviço do vil pastor
Gole de cervejas, misturando sobre a mesa
Surgiu um frenesi coquetel
Licor de amor bandido doce, ardido
Misturando a venenosa libido forasteiro
Apaixonadamente ficou...
E a outra alma que a espera, ascende as velas
Para o jantar de formatação
Algo para beber...
Algo para comer...
Para viagem por favor!
...
Embalagem na mesa pronta
Hora de partir e ir...
Para casa encontrar o real amor e jantar
Num banquete digno de amor
Taças, vinho, velas, e um cardápio de bar