UMA CAMA PARA TRÊS

UMA CAMA PARA TRÊS

Uma cama para três

Três qualquer alguma coisa

Pessoas, gentes, bichos, amantes

Entre sonos e suspiros, soam gemidos

Roncos, acalantos e nada mais

Uma cama para três

Coisa alguma qualquer

Que se amam, se ataiam, e vivem

A espera de um sonífero vertiginoso

Uma cama para três

Misteriosamente assim

Um bicho, uma planta, uma pedra

Não, flores, rosas, vermelhas e amarelas

Colorindo a cama como uma colcha

Das de renda de são João,

com bandeirinhas e frufru

uma cama para três

eu, você e o lençol 

LEMBRANÇAS

 

LEMBRANÇAS (Para um amigo)

Tão logo te digo, alegra-te
a saudade bate e as vezes doi
melancolia fulminante
salvemos vossos sentimentos
com alegria, amor e companheirismo
mesmo distante és lembrado
mais a hora do café é maldita
nos faz lembrar, sentir o cheiro, as pessoas
novamente te digo, acalma-te
logo passarará essa angústia

Imaginemos vossa vida
tão linda,tão meiga e tão carente
tantos flshs, muitos takes
e nesse momento não encontra-se só
estamos aqui, distantes mais presentes
veja, sinta, se aproprie do nosso carinho
e aguarde no coração a nossa fotografia

MENTIRA

MENTIRA

Misteriosamente a mentira paira

Surgindo como uma dama delicada

Adentra a vossa alma e ludibria

Putrificado estabelece um vínculo

Iludido pelo tal feito...

Delicadamente arranca-lhe a alma

E como numa sangria o depura

Transpondo sua essência à lama

ESTRANHEZA

ESTRANHEZA

Ao entrar na sala depara-se com os olhares

Que bifurcam uma sensação de tédio e prazer

Aos poucos os sentidos se apuram

E delineiam uma sensação de observância

Disfarçadamente não se entrega a estranheza sentida

E dirige-se a sua cadeira timidamente

Ah! que dificuldade entender aqueles olhares

Para-se e reflete-se sobre como estar

O que parecia estranho ao entrar na sala?

Um silêncio paira e novamente os sentidos agem

Olhares talvez comprometidos com os sons de torem

Ou quem sabe de um ar-condicionado falho e frio

E friamente é como aquelas pessoas estão

Estáticas como uma fotografia

E a cada piscar de olhos uma nova foto

Eis que surge um som externo

E estranhamente as pessoas se levantam

Trocam olhares e riem, simplesmente

Estou diante de um devaneio ou então

Uma simples ação de Moria – Deusa da loucura

FLAGRANTE

FLAGRANTE

Delicadamente fico observando

E sem que me observem

Fico a espreitar as ações dos outros

Sentidos atentos para o flagrante

Aos poucos, cada vez mais me aproximo...

O silêncio paira sobre nós

Nem mesmo o vento ousa perturbar

E o clima de tensão fica mais temido

Vagarosamente me aproximo

Preparado pra dar o bote, receio...

Reflito sobre esse ato, não cesso e vou...

É chegado o momento e um filme surge

E minha mente vive um flash back

Tensão total, caminho silenciosamente

E  vagarosamente flutuo

Aterrissei, e volto vagarosamente

Eis o meu ponto de partida

Não tenho coragem de flagrar

Pigarreio e saio feliz

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VERSOS ÍNTIMOS

VERSOS ÍNTIMOS

 

Ao deparar-me com tua luz

Silenciosamente meu cigarro apaga

Reluzente tua alma guia-me

E bruscamente a tristeza some

 

Delicadamente não suma novamente

Grude-me, segure-me e me ame

Sutilmente ofereço um café

Com torradas e um poço de salmão

 

Café, cigarro, sabor amargo

Mistura perfeita...

 

E com os sabores o ofereço

Versos que não fiz

Versos que nunca omiti

Versos com suor, libido

Versos que não escrevo

Mas que se aventura

A uma dialética poética

De dois corpos amantes

FOTOGRAFIA

FOTOGRAFIA

De repende, de longe obervo

uma lente que me observa

instigante, percebo-a e não a demonstro

apenas faço pose de pra estar no foco

e mesmo sem nos olharmos, nos identificamos

cada um a seu modo, cada um a sua luz

flash, flash, flash, flash

meus olhos estão encadeados

e mesmo assim, sinto uma luz

que me absorve  por completo

eis um fotógrafo que fotografa minha alma

feliz, triste, sofrida as vezes

mas passível de uma grande amor