Traduzir este blog

Pesquisar

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A MOÇA DESPEITADA





 
 A MOÇA DESPEITADA

Texto: Emerson Gomes
Oh meu padim Cícero
Santo Antonio e Sebastião
Ilumine a minha mente
Nesta proclamação
Pois o que vou falar a você
Não é sonho nem alucinação

Foi num dia de muita festa
Na fazenda de um major
Lá pras bandas de Itaiçaba
Onde as pedras fazem nó
Onde o caso aconteceu
Agitando o forró

Seu Benonisio era um major
De certa sabedoria
Todos daquele lugar
Respeitavam com alegria
Era homem popular
Em toda sua freguesia

No dia de sua festa
No meio daquele forró
Todos dançavam agarrados
Fazendo muito chodó
Chegou sua filha mais nova
Um pouco borocochó

A menina tava enjoada
Que parecia um purgante
Chegou correndo, gritando
Com um olhar discriminante
Deixando todos no forró
Assustados e deselegantes

- Papai como teve coragem
De fazer uma festa dessas?
Foi convidar essa gente
Que adora uma conversa
Amanhã bem cedinho
Teremos historias diversas

- Minha filha tome respeito
Não seja inconveniente
Se não quiser a festa
seu quarto é mais descente
pare com essa sandice
seja uma moça prudente

Quando o pai falou aquilo
A menina enlouqueceu
Ficou falando bem alto
E uma roda logo se deu
Tomou de um chicote
Surrou quem apareceu

As pessoas na festa
Ficaram muito assustadas
Começou o alvoroço
E a moça mais assanhada
Açoitando todo mundo
Parecia tá endiabrada

Na verdade a luzia
A filha do tal major
Tinha muita inveja
Das moças lá do forró
Só porque tinha 40 anos
E estava no caritó

Também a pobre luzia
Era feia igual um cação
Não encontrava  pretendentes
Que pedira sua mão
Só porque era achadata
E parecia um bolachão

No meio da confusão
Apareceu a Bernadete
Uma moça muito linda
Que mascava um chiclete
Foi bem perto de luzia
E puxou um canivete

Bernadete era uma moça
Que muito chamava atenção
Todos aqueles rapazes
Que moravam na região
Tinham um certo apreço
Por aquele mulherão

- Luzia, mulher te acalma
Não vim aqui brigar
Mais se tu não tiver tento
A gente pode começar
Respeito é bom e eu gosto
Vamos com a confusão parar?

Luzia nem escutava
O que Bernadete dizia
Ia pra cima do povo
Lapiando quem ela via
Bradou em Bernadete
Que mostrava que fazia


-Com as duas moças na roda
Parecia uma rinha
Ficaram inchando o papo
Pareciam duas galinhas
Cada qual mais assanhada
Depenando suas peninhas

O povo de um lado gritava:
Bernadete esfola ela
Do outro lado bradavam:
Arranca as penas dela
E o major Benonizo dizia
Luzia, te mato magrela

O major naquela idade
Não podia fazer nada
Se fosse apartar a briga
Daquelas moças danadas
Ia ficar banana mucha
Parecendo uma bananada

A Velha ficou gritando:
Socorre aqui Tião
A mãe de luzia chorava:
Corre aqui Bastião
E o povo gritava:
Arranca o rabo desse cão

Bastião veio numa carreira
Parecia cachorro na caça
Vendo aquela briga
Viu que era de raça
Pegou as duas pelo papo
Vamos parar suas traças

Luzia saiu da briga
Toda arranha e assanhada
Bernadete ficou tonta
Com as mãos inchadas
Surrou tanto a luzia
Deixando-a depenada

O major pediu a Tião
Que levasse luzia da li
E amarrasse aquela moça
Num pé de buriti
Ia ficar até o outro dia
Amarrada bem  ali 

Depois daquele imprevisto
O forró voltou a zoar
Moças e rapazes
Passaram a se agarrar
Luzia assistiu a tudo
Sem poder reclamar.

 Texto: Emerson Gomes